domingo, 16 de agosto de 2009

QUEM SOU EU NA MULTIDÃO?

E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas! (Mt 21:09)

Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado. (Mt 27:22)

Multidões, multidões no vale da decisão; porque o dia do SENHOR está perto, no vale da decisão. (Jl 3:14)

Não é interessante pensar sobre um povo que recebe seu Messias com honras de Chefe de Estado e em questão de dias declara expressamente que o mesmo deve ser crucificado?

Mais interessante ainda pensar sobre qual seria a nossa decisão se estivéssemos entre aqueles que formaram o comitê de boas vindas ao Amado e posteriormente na comissão julgadora que definiria sua liberdade ou sua crucificação.

Com certeza hoje, nós, cristãos verdadeiros, diríamos: Não! De maneira nenhuma eu estaria entre os que disseram crucifica! E o faríamos com a mesma convicção de Pedro ao dizer ao Amado que jamais o negaria.

Sim, porque com a mesma convicção que em nossas ministrações o adoramos com juras de amor eterno, logo em seguida o crucificamos novamente com a prática do nosso pecado. No primeiro momento honras e alegrias ao Amado, no segundo vergonha e dor.

(...), pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. (Hb 6:6b)

  • Será que conheço minha identidade em Cristo?

Se nos lembrarmos de Gideão e seu exército, podemos pontuar duas situações bem interessantes:

1ª) Nosso amigo Gideão não tinha a menor idéia de quem era em Deus. Com isso vivia escondido do inimigo, amedrontado e com grande complexo de inferioridade. Note que no versículo 12 do capítulo 6 do livro dos Juízes o Anjo do Senhor diz que ele é um poderoso guerreiro (NVI). Deus sabia quem ele era e segundo o versículo 14 do capítulo seguinte, o inimigo também. Gideão era o único que desconhecia sua identidade em Deus.

2ª) Observando seu exército percebemos que a proporção entre o número inicial dos alistados (32.000) e o final (300), foi de, apenas, 0,9%. Menos de 1% da multidão de soldados convocados foi selecionado para guerrear. Da mesma forma, se considerarmos que dos onze apóstolos aparentemente fiéis, fora o Iscariotes, filho da perdição, João foi o único que acompanhou o Amado até a cruz, enfrentando a tudo e a todos, teremos a mesma marca de 0,9%.

O que quero compartilhar nessa introdução é que há um grande abismo entre ser um cristão (homens e mulheres que procuram ser semelhantes a Jesus) e ser membro de uma denominação cristã. Há quem diga que nosso país possui mais de trinta milhões de cristãos, contando-se apenas o segmento evangélico e que ele será um país cristão. A pergunta que me assusta é: de que cristianismo estamos falando? Do mesmo que fez a Inglaterra (país dito cristão-protestante) arrasar a Índia, partes da África e outros países colonizados trazendo escravidão, miséria, fome e mortandade de seres humanos? Ou será aquele que criou ou apoiou movimentos criminosos como a Klu Klux Kan, Nazismo, Apartheid e outros? Quem sabe não seria esse, que nos dias atuais tem sido tão pregado nos púlpitos transformados em palco, prometendo o céu na terra e a resolução de todos os problemas de quem aceitá-lo? Interessante como a História caminha em círculos e sempre se repete apenas com outra roupagem. Na era medieval loteava-se o céu e vendiam-se os lotes para quem quisesse ser salvo. Hoje dizem que com Cristo a salvação já está garantida, mas para se viver bem aqui, antes de ir pro céu, basta comprar as bênçãos do Pai com todas as facilidades como cartões de crédito, boletos bancários, cheques pré-datados ou, preferencialmente, a vista.

Cristianismo é a vida de Cristo em nós. No livro de Atos, capítulo 11, verso 26 afirma que na cidade de Antioquia, cuja liderança estava com Barnabé, os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez, pois a vida deles, a começar pelo líder, que segundo o verso 24 era “homem de bem”, era semelhante à vida terrena de Jesus Cristo. Cristo vivia por intermédio de cada um deles e seu principal mandamento era exercido por todos.

Quando perguntamos aos membros das igrejas ditas cristãs de hoje sobre qual o mandamento que Cristo nos ordenou, a resposta da congregação é unânime: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Essa resposta é dada de forma tão contundente que quase faz o prédio de culto tremer. Isso aconteceu em 100% das denominações que visitei ao longo de 20 anos.

Observemos o diálogo entre Jesus e um doutor da lei que o interrogou em Mateus 22:36-40:

“E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:

- Mestre, qual é o grande mandamento na lei?

E Jesus disse-lhe:

- Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”

A resposta dada pelo Amado ao doutor da lei que queria testá-lo foi baseada na lei mosaica conforme Lv 19:18 e Dt 6:5, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo é um mandamento da lei, não da graça. Precisamos entender que a lei mosaica é a base do judaísmo. Cristo não veio para dar continuidade ao judaísmo. O Jesus encarnado nunca ensinou isso como fundamento do cristianismo. O que o Amado ensinou aos discípulos antes de subir a cruz para abrir os portais da graça a todos os que crêem foi:

“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis”. (Jô 13:34)

Como Ele nos amou? Amando a si mesmo como ordenava a lei? Ou abrindo mão da sua própria vida pelos seus semelhantes? Esse mandamento é o fundamento do cristianismo e, se analisarmos o que o Mestre diz em seguida: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”, fica claro que ser discípulo, ou cristão, depende diretamente da obediência ao maior dos mandamentos. Quem ama ao próximo como a si mesmo, vive pela lei, mas quem o faz como Cristo o amou, esse vive a plena graça revelada aos homens de boa vontade.

Através do Evangelho Horizontal, iremos percorrer os caminhos bíblicos que nos levarão ao centro da vontade do Pai, onde poderemos entender o quão transformados precisamos ser através da mudança de nossa mentalidade. O que vivemos hoje é um modelo religioso que dura por volta de 1700 anos, iniciado pelo imperador Constantino acrescido das influências de segmentos que foram surgindo ao longo dos séculos.

Quero convidá-lo a embarcar comigo nessa viagem sem volta, pois uma vez manifestando-se a verdade, somos totalmente libertos por ela e, através dessa liberdade em Cristo, descobrimos quem realmente somos nEle.

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