sábado, 24 de outubro de 2009

TRECHOS DE: "A CONQUISTA DO PÃO" por Kropotkin - 1892

Todas as máquinas têm a mesma história de noites em claro e de miséria, de desilusões e de alegrias; melhoramentos parciais achados por diversas legiões de obreiros desconhecidos que vinham acrescentar ao invento primitivo esses pequenos nadas, sem os quais a idéia mais fecunda fica estéril.

Cada descoberta, cada progresso, cada aumento da riqueza da humanidade tem o seu princípio no conjunto do trabalho manual e cerebral do passado e do presente.

Logo, com que direito poderia alguém apossar da menor parcela desse imenso patrimônio e dizer: isto é meu, não é vosso?

“O que se pode dizer dos inventores em geral é o que se tem dito dos sábios. Quem não sabe que preço de sofrimentos custaram as grandes invenções!

Noites em claro, privações de pão para a família, falta de utensílios e de matérias-primas para as experiências, é a história de todos os que têm dotado a indústria com o que faz o orgulho, o único justo, da nossa civilização.

Mas que é preciso para sair destas condições que todo o mundo é unânime em achar más? Ensaiou-se a patente, cujos resultados são conhecidos. Faminto o inventor vende-a por qualquer preço e quem não fez mais que emprestar o capital é quem embolsa os lucros muitas vezes enormes, da invenção. Por outro lado a patente isola o inventor. Obriga-o guardar o segredo das suas pesquisas, que muitas vezes conduzem a um tardio desengano;”

“Quando a Inglaterra quis ter um grande dicionário da sua língua, fêz um apêlo aos voluntários e mil pessoas vieram espontâneas escavar as bibliotecas e terminaram em poucos anos o que um homem só não faria numa vida inteira.

Para que esta obra fôsse verdadeiramente coletiva, seria preciso organizá-la de modo que cinco mil volntários autores, impressores, e revisores, tivessem trabalhado em comum; mas deu-se êsse passo para frente, graças à impressa socialista, que já nos oferece exemplos do trabalho manual combinado com o intelectual.

É o caminho da liberdade. No futuro, quando um homem tiver qualquer coisas mil a dizer, uma palavra que vá além das idéias do seu século, não procurará um editor que lhe adiante o capital necessário. Procurará colaboradores entre os que conheceram a profissão e tenham compreendido o alcance da nova obra e publicarão juntos o livro ou o jornal.

(…) Só no dia em que as letras e a ciências se virem livres da escravidão mercenária tornarão o seu verdadeiro lugar na obra do desenvolvimento humano.”

a excessão da regra que falei que não iria fazer: reforma agrária, quando? já! :

“compreender que saber o que se come e como se produz é uma questão de interesse público, quando toda a gente tiver compreendido que esta questão é muito importante, infinitamente mais importante que os debates do parlamento e do conselho municipal, – neste dia a revolução estará feita.